​Quando eu era criança a rede social se chamava “RUA”…

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“Isso foi o que eu aprendi depois de seis meses indo ao psicólogo”.
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Toda geração tem seu modo de vida, seu modo de ser e estar no mundo. Não existe uma regra e uma forma melhor de viver. Se conversarmos com um adolescente ou jovem hoje e falarmos o que fazíamos na década de 60, 70, 80, eles irão rir de nós. Isso porque pra eles nosso modo de vida é algo muito distante, inconcebível para a realidade de hoje.

Eu nasci na década de 1980, e até pouco tempo atrás nunca tinha enviado uma carta na vida (risos). Se dependesse só de mim o Correio tinha falido (risos). Eu sei que isso é algo simples, muito simples mesmo, mas eu não precisei usar esse tipo de serviço de comunicação, eu sou da geração do e-mail.

É comum ouvirmos pais falando que não conseguem compreender seus filhos porque eles passam muito tempo usando aparelhos celulares e computadores, – não conversam, não fazem amigos, falam das redes sociais como se estivessem acabado de chegar de uma festa, e muitas outros questões… É difícil ter uma casa onde more adolescentes sem que esse tipo de comentário não seja feito, não é? Esses pais são de outra geração, e suas vidas e o modo de ser feliz da sua época é muito diferente, é distante, é muito distante do que existe hoje. Com o advento das novas profissões já é até difícil para o adolescente explicar para os pais a profissão que deseja seguir (óh…. imagina… risos).

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O fato é que a preocupação desses pais quanto ao tempo gasto pelos filhos na frente do computador ou celular é legítima, pois o uso abusivo de tecnologias é considerado vício e já existe tratamento para o comportamento inclusive. Porém, algo precisa ficar claro: “não é porque seu filho passa muito tempo na frente do computador ou usando o telefone que ele tenha algum tipo de transtorno psiquiátrico ou necessite de medicamentos”. O ser humano é sujeito do seu tempo e hoje o mundo, as pessoas, suas relações se dão de formas diferentes. Preste atenção, não estou dizendo que tudo o que vemos por aí é normal, não é isso, só estou alertando quanto ao exagero da patologização da vida e sobre a cobrança de que o presente seja como o passado.

Definir o que é normal e o que é patológico ainda não é uma tarefa fácil quando se fala em uso de tecnologia, mesmo para profissionais que trabalham com a questão, tendo em vista que quase todo mundo não desgruda do aparelho celular por exemplo. Todavia, já existem critérios para isso e você pode encontrar no texto (Afinal, a internet vicia?). Ainda assim, é importante frisar que o acompanhamento é sempre a melhor alternativa, sobretudo, por um profissional de psicologia porque é especialista em comportamento humano. Então fica a dica caso você esteja acompanhando seu filho já algum tempo e esteja preocupado.

Já ouvi pessoas falarem que a tecnologia está nos tornando escravos e isso impacta diretamente em nossos relacionamentos. É fato que existem muitas pessoas com dificuldades nas habilidades sociais (relacionamentos: amizades, namoros, casamento, família, trabalho, etc.), mas isso também não é uma questão nova, talvez só agora discutimos o tema com facilidade e pode ser que as redes sociais auxiliem disseminando as informações de forma rápida. O homem do passado também tinha dificuldades como hoje, com algumas diferenças. 

O tempo passa mas o ser humano continua o mesmo. Pode até parecer que a vida hoje é diferente, mas no fundo as dificuldades humanas permanecem “as mesmas”. São as mesmas preocupações, os mesmos dilemas, os mesmo impasses relacionais, as mesmas brigas, os mesmo desentendimentos, as mesmas dores de amor, as mesmas preocupações com as necessidades básicas para sobrevivência, ausências de equilíbrios, etc.

Essa é a trama chamada “vida” que Jung compreendeu como grande produtora dos arquétipos (ideias primordiais – modelos de comportamentos Você sabe o que é arquétipo?). Por isso, em cada momento da história humana o homem/mulher continua, assim como fazia no passado, em busca de algo que o preencha e pode ser a internet hoje aquilo que anda preenchendo muitas necessidades por aí… Isso é o investimento de energia psíquica sendo colocada naquilo que dá prazer (não no sentido sexual). Muitos podem achar que seja falta de opção, outros que é falta de religião, mas se trata apenas de um processo natural da vida psíquica humana e Jung chama de “complexo”. Os complexos nos motivam positiva e negativamente em busca de algo.

Então, eu sei que você veio aqui por causa da imagem e pensou que eu ia afirmar justamente o que está escrita nela (risos), mas o objetivo do texto foi apenas criar reflexão… Nunca vai existir um modelo melhor de vida porque o ser humano tem a capacidade de construir e reconstruir sua história que muda a cada geração e produz novas subjetividades.

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Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo (CRP 05/54280), Doutorando e Mestre em Psicologia pela UFRRJ e Especialista em Psicoterapia Cognitiva. É leitor autodidata da obra do psiquiatra Carl Gustav Jung. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental, Memória Social, e Formação do Masculino. Trabalha como psicoterapeuta utilizando abordagem integrativa em atendimentos Online (videoconferência).

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