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Há 31 anos, quando eu era ainda um menino de nove anos, fui com minha família comemorar o natal e o réveillon numa cidade do litoral do Espírito Santo. Como a maioria dos passeios na época, foi um momento de muita alegria e ali aconteceu algo que há pouco tempo lembrei em terapia.

Nessa viagem nos hospedamos numa casa grande, ela tinha uns três andares e muitos quartos, ficava bem em frente a praia e tinha uma piscina enorme também, além de brinquedos no jardim cercado por grama verdinha… Lembro que nesse fim de ano a casa estava lotada porque além de mim, meu irmão e meus pais, foram também outros familiares contabilizando umas quatorze crianças e oito adultos ao todo.

No dia 31 de dezembro, todos estávamos ansiosos para a virada do ano, meu pai e meus tios fizeram churrasco, minha mãe e minhas tias prepararam a ceia da virada e nós, as crianças, brincamos o dia todo. De tanto brincar ao longo do dia me cansei e quando deu por volta das 23h30min, deitei no sofá da sala e adormeci. A casa tinha o estilo rústico e um sofá confortável com várias almofadas soltas, grandes e coloridas, então eu fiz uma delas de travesseiro e apaguei.

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Acordei com o barulho dos fogos no momento da virada do ano e com a correria de todos pela casa. Eu me assustei, mas pelo sono não consegui entender muito bem o que acontecia. Todos passaram pela sala correndo, felizes e gritando “o homem velho foi embora e o homem novo chegou”. Achei aquilo estranho, mas não fui atrás deles na praia porque ela não era iluminada e eu fiquei com medo do trajeto lateral até a areia. Lembro que em pensamento cogitei a possibilidade de eles estarem falando “o ano velho foi embora e o ano novo chegou” e, por isso, senti a vontade de encontrá-los na praia, mas o medo da escuridão foi mais forte que eu. Apesar de não terem demorado muito, até eles chegarem fiquei com medo por estar sozinho e por pensar que o tal homem novo poderia retornar e me pegar, produto da minha imaginação. Todo fim de ano eu lembro dessa história, parece que aquele momento sozinho continua me acompanhar na vida…

Hoje eu estou com 40 anos, trabalho como advogado e percebi há pouco tempo o quanto tenho medo de ficar sozinho sem uma companhia, além de não conseguir agir na vida e não ter iniciativa pra nada. Ainda não consegui um relacionamento estável, sempre me envolvo com mulheres que me deixam e acredito mesmo que isso sempre irá acontecer. Venho conversando com meu psicólogo sobre isso porque é algo que preciso resolver comigo mesmo e esta foi uma das primeiras lembranças de quando senti medo, fiquei paralisado e assustado por estar sozinho. 

 

Nenhum de nossos contos retrata o caso de algum paciente atendido por nós. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que motivam pessoas a procurarem terapia/psicoterapia.

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Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo (CRP 05/54280), Doutorando e Mestre em Psicologia pela UFRRJ e Especialista em Psicoterapia Cognitiva. É leitor autodidata da obra do psiquiatra Carl Gustav Jung. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental, Memória Social, e Formação do Masculino. Trabalha como psicoterapeuta utilizando abordagem integrativa em atendimentos Online (videoconferência).

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