A dependência emocional é semelhante a dependência de drogas.

Por que às vezes damos volta no mesmo assunto na Terapia?
13 de fevereiro de 2020
Usando música na terapia me tornei artista.
23 de fevereiro de 2020

Imagem pixabay

Atendo pacientes com transtorno de personalidade faz algum tempo e alguns deles se enquadram no tipo Borderline, que se caracteriza por uma forte dependência emocional. Algumas pessoas não compreendem bem o apego que esses pacientes exigem do outro, muitas vezes uma necessidade de presença tão forte que chega a sufocar.

Segundo a tese de Doutorado defendida na USP pelo psicólogo Marcelo Soares Cruz, a dependência emocional no caso Borderline funciona como uma adição, ou seja, um vício. Existem pessoas dependentes de bebidas. Outras, dependentes de cigarros. E existem os que são dependentes de pessoas.

Imagem pixabay

Nesse caso, a necessidade do outro para um paciente Borderline é como uma adição de pessoas, assim como acontece com quem tem o vício em drogas psicoativas. Eles se sentem normalmente sozinhos, abandonados, carentes o tempo todo, mesmo estando rodeados de muitas pessoas. Acontece as vezes de eles reconhecerem não estar sozinhos, racionalmente sabem disso, mas o sentimento que toca é mais forte, ou seja, o aspecto emocional desestrutura a consciência sempre impulsionando a busca pelo cuidado e pela presença de outras pessoas.

Por causa dessa carência e da necessidade de estar acompanhado, é comum manterem comportamentos disfuncionais que não os ajuda no cotidiano. Por exemplo, mesmo que tenha uma família que o apoia, é comum desconfiarem desses familiares e não conseguirem manter diálogo e estreitar a relação, assim como, em casos de término de uma relação amorosa, é comum também a experiência ser bastante traumática porque aciona esse sentimento de abandono.

Imagem pixabay

Além disso, em muitos momentos, como os citados acima, eles agem como uma criança abandonada em busca de afeto, querem atenção, desejam ser ouvidos, precisam de um abraço, de um carinho pra se sentirem aceitos e quando isso não acontece, se comportam de forma birrenta, às vezes agressiva, exatamente como uma criança agiria em tais situações.

Por vezes eles se envolvem em relacionamentos amorosos destrutíveis ou também em experiências sexuais arriscadas. Na maior parte das vezes não percebem o real motivo para tais ações, eles não se dão conta de que buscam atenção, carinho e afeto…

Por isso eles vivem com uma necessidade sem fim pelo outro. São dependentes de alguém, seja um amigo, um familiar, um companheiro amoroso. Sempre precisa ter alguém próximo para que ele se sinta menos abandonado.

É frequente se tornarem ansiosos por não se sentirem correspondidos, e essa mesma ansiedade incentivar o início de um novo relacionamento sempre que algo dá errado no relacionamento atual. Assim, por se envolverem em relações desestruturadas, eles acabam por não elaborar a crença de que estarão pra sempre sozinhos e isso funciona como um antídoto para que permaneça acreditando ser inadequado, rejeitado, desvalorizado e não amado.

É comum esses pacientes desenvolverem outras questões psicológicas em conjunto, como a depressão ou um transtorno de ansiedade e, exceto essas psicopatologias, o tratamento para dependência de pessoas é realizado por meio de psicoterapia com psicólogo, pois o foco será na transformação do Self (Eu) desse paciente, o que possibilitará mudanças cognitivas e comportamentais no dia a dia.

Para ler a tese do psicólogo Marcelo na íntegra clique aqui.

 

Se você deseja falar conosco ou está em busca de ajuda para si ou para alguém, clique aqui.

Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo (CRP 05/54280), Doutorando e Mestre em Psicologia pela UFRRJ e Especialista em Psicoterapia Cognitiva. É leitor autodidata da obra do psiquiatra Carl Gustav Jung. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental, Memória Social, e Formação do Masculino. Trabalha como psicoterapeuta utilizando abordagem integrativa em atendimentos Online (videoconferência).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Fale via WhatsApp