O futuro não existe gente, somos nós que criamos essa ideia falsa de tempo por vir. O único tempo real é o agora.

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Se você soubesse a quantidade de pessoas que me procuram porque não aguentam mais a correria da vida você iria se espantar. Cada vez mais essa vida corrida perde o sentido para muitas delas e assim acabam adoecendo.

Viver uma vida corrida significa se esforçar pra dar conta de tudo. É buscar acertar sempre. É sobreviver de meta em meta. É não desacelerar…

Com o passar dos anos mais pessoas vivem aprisionadas no amanhã e longe do aqui e o agora. O normal é estar envolvido com planos ou sonhando com uma nova conquista. Claro que ter planos e desejar conquistar coisas e experiências não é errado. A complexidade está em não conseguir mais experienciar o que a vida proporciona no aqui e agora, em detrimento do por vir.

Nós sabemos que o futuro é algo incerto, ele é uma projeção psicológica do tempo. A gente constrói uma imagem do futuro e vive a expectativa de que ele será exatamente como projetamos. Infelizmente, isso é um grave engano.

Não dá pra vivermos uma realidade que não existe. O futuro não existe gente, somos nós que criamos essa ideia falsa de tempo por vir. O único tempo real é o agora. Esse aprisionamento no amanhã, com esse futuro projetado, é que nos coloca nessa atmosfera de correria, de velocidade.

Ao longo do tempo a humanidade passou por transformações que modificaram sua relação com o tempo e a velocidade. A gente sempre quis antecipar as coisas e as experiências, e também encurtar o tempo pra tudo. Desde a antiguidade a gente inventou o transporte para se locomover em menor tempo possível e para podermos desbravar espaços geográficos diferentes. De início, a gente navegou de jangada, a gente cavalgou a cavalo, navegou de barco a vela, a gente andou de bicicleta, para depois chegarmos à tecnologias que alteraram a velocidade.

Portanto, parece que sempre existiu na humanidade um movimento nos impulsionando à velocidade, mas hoje, por motivos diversos, essa característica tem feito mal ao homem, porque ela tem tirado a nossa conexão conosco mesmo, com as experiências, com o sentido da vida.

Eu percebo isso quando vejo pessoas correndo por todos os lados. Na terapia não é muito diferente. Cada vez mais as pessoas vêm para a sessão contando os minutos e com tudo anotado para não deixar passar nada, como se tivesse que falar todos os detalhes no menor tempo possível (querem tirar 10 na terapia também). Ou seja, mesmo trabalhando com mudanças de vida, essa atmosfera de velocidade chegou até nós e nos espreme cada vez mais para caber todas as mudanças numa única sessão ou em poucas delas.

Veja, não existe uma única forma de viver a vida e a correria faz parte e é uma forma de vivenciá-la. A ideia aqui não é demonizar o correr, mas sim, refletir sobre como somente correr, somente aceitar essa velocidade como a realidade pode fazer mal.

Digo isso porque nós humanos somos seres da adaptação e nos ajustamos à tudo, até mesmo onde não nos sentimos bem ou nos faz mal. É por isso que viver na correria parece normal, mesmo não fazendo muito bem. É difícil até pensar em como desacelerar, parece papo de gente que não faz nada. 🙁

Mas acredite… haverão dias em que você vai correr… haverão dias em que você vai caminhar… e haverão dias em que você vai se arrastar. E está tudo bem. Isso se chama vida…

Não dá pra se manter na mesma velocidade sempre porque não somos uma máquina, a gente precisa de mudança, de adaptação, de regulação de energia, de descanso, e essa mudança é necessária para continuarmos vivendo a vida, buscando o sentido nela e experienciando o melhor que ela pode nos oferecer.

 

Se quiser falar comigo ou se estiver à procura de ajuda para si ou para alguém entre em contato.

 

Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo (CRP 05/54280), Doutorando e Mestre em Psicologia pela UFRRJ e Especialista em Psicoterapia Cognitiva. É leitor autodidata da obra do psiquiatra Carl Gustav Jung. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental, Memória Social, e Formação do Masculino. Trabalha como psicoterapeuta utilizando abordagem integrativa em atendimentos Online (videoconferência).

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