Eu acordei às 06 horas da manhã no sábado e depois de rolar por alguns minutos na cama decidi levantar e começar um novo dia.
Abri a cortina da sala pra entrar mais luz. Olhei o céu nublado de São Paulo, o corre-corre dos carros e o barulho que eles faziam lá no décimo quinto andar do prédio.
Liguei a TV e também o computador que, naquele momento, estava na mesa da sala. Acessei minha agenda e vi que tinham 12 pacientes marcadas para eu realizar exames preventivos no dia.
Imagem do site pixabay.com
Meu nome é Viviane, eu tenho 35 anos, sou médica ginecologista e vou contar pra vocês um pouco de minha vida amorosa.
Assim que o computador ligou eu desisti de assistir TV. Abri o YouTube e botei pra rodar minha play-list favorita e comecei ouvir Marisa Monte e refletir sobre o amor que eu tinha.
“Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu pensar em você
Isso me acalma
Me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver”
Engraçado como essa música fala de mim. Eu queria poder amar o João, mas não posso. Ele não permite. Ele não gosta de mim da mesma forma que eu gosto dele.
“Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu gostar de você
Isso me acalma
Me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver”
Quando a Marisa dizia “deixa eu gostar de você” eu pensava: como seria bom se ele deixasse eu gostar dele. Eu gosto, mas é que essa falta de reciprocidade cria um hiato enorme entre nós. Eu o vejo sempre nos plantões, ele está perto, mas à léguas de distância no quesito do sentir.
Por que a gente não é correspondida no amor? Eu sempre me pergunto isso.
A vida seria tão mais simples se Deus nos tivesse feito uns para os outros. Infelizmente a realidade não é essa né… a gente luta pra encontrar alguém e quando isso acontece, quando o coração salta do peito, a gente precisa pedir autorização pra amar.
Rsrsrs é melhor rir pra nao chorar…
Imagem do site pixabay.com
Olha, eu comecei terapia semana passada, mas até hoje as paredes foram minhas confidentes. Não falo muito sobre minha vida amorosa, acho estranho dividir isso com as pessoas. Sinto como se fossem me olhar com julgamento, como se eu fosse menos profissional que os outros por gostar de alguém e não ser correspondida.
Imagino as pessoas falando: “A lá a médica romântica” ou “Ali a médica que é cheia de paixonite”. Homens não passam por isso. Nós mulheres somos julgadas até quando amamos.
Minha rotina de trabalho é pesada. Eu prefiro ganhar dinheiro porque pelo menos alguma coisa precisa dar certo nessa vida. Pelo menos…
Mas quer saber a verdade, isso não me preenche não. Quando saio do plantão de 24 horas e volto pra casa me sinto exausta e incompleta. Sabe o que passa pela minha mente, “eu queria TANTO relaxar e AMAR…” ❤
Mas cadê o amor? Gente, cadê esse amor??? Melhor seria mesmo questionar “cadê quem vai usufruir desse amor”. Porque ele tá aqui, guardadinho no peito…
Eu queria tanto poder falar ao João “Amor, i love you” – “Quer amor? Fique aqui”. No entanto, eu só vivo com o peito acelerado, com uma angústia danada que me desmotiva pra tudo, até mesmo para o amor.
A ansiedade parece que me encontrou de tanto eu esperar pelo João. Amar dói né. Pelo menos eu me sinto assim. Durmo e acordo pensando se ele um dia vai me enxergar de outra forma, se vai me dar uma chance.
Parece ridículo, eu sei. Ainda tenho esperança de que tudo isso vai passar. Falo sobre a ansiedade. Talvez seja só uma fase.
Se ele estivesse me ouvindo agora eu estaria dizendo: Amor, i love you.
Um dia pode ser que esse desejo se torne realidade.
Nenhum de nossos contos retrata o caso de algum paciente atendido por nós. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que motivam pessoas a procurarem terapia/psicoterapia.
Se quiser falar conosco ou se estiver à procura de ajuda para si ou para alguém entre em contato.